Artigo - UMA PROPOSTA DE ENSINO DA MATEMÁTICA FINANCEIRA


UMA PROPOSTA DE ENSINO DA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Esta publicação é referente ao artigo acima e foi elaborada como atividade para a diciplina de Introduçao ao Ensino da Matemática, faz referência a uma proposta de ensino da Matemática Financeira por meio do uso da realidade cultural do aluno, seja no ambito regional quanto global.

ETNOMATEMÁTICA E A CULTURA AMAZÔNICA





Fonte: Universidade Federal do Pará (UFPA)
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Scientific American - Especial - Etnomatemática.




SUMÁRIO

6 - Volta ao mundo em 80 matemáticas
POR UBIRATAN D’AMBROSIO
Pesquisador que deu início aos estudos de etnomatemática conta por que ela é tão importante e deve ser considerada inclusive na educação básica

10 - Aritmética maia
POR ANDRÉ CAUTY
Essa civilização que viveu na Mesoamérica foi mestre na arte de manipular calendários e usava algoritmos para calcular datas e durações

16 - Os dois zeros maias
POR ANDRÉ CAUTY E JEAN-MICHEL HOPPAN
Especialista na análise numérica, esse povo foi o único a distinguir o zero cardinal (indicador de quantidades) do zero ordinal (marcador de posição)

20 - O enigma dos quiposPOR LOÏC MANGIN
Os incas registravam valores e a contabilidade das cidades em confecções minuciosas de cordas e nós, que também pode ter sido usados para escrever a língua quíchua

24 -Astronomia chinesa
POR JEAN-CLAUDE MARTZLOFF
No país não se acredita que a matemática podia representar corretamente um mundo que evoluía de modo imperceptível. Para se adaptar, eles tiveram de reformar suas teorias.

30 - Geometria a serviço dos deuses
POR ANNICK HORIUCHI
Por séculos os matemáticos do Japão se desafiavam e buscavam prestígio pendurando tabuletas com complexos problemas geométricos em templos e santuários.

36 - Quadrados mágicos
POR JACQUES SESIANO
Entre os séculos IX ao XII, os árabes dos países islâmicos deram status de nobreza a um curioso e complicado passatempo matemático.

40 - Poemas matemáticosPOR AHMED DJEBBAR
Os cientistas árabes divulgavam seus conhecimentos na forma de versos que facilitavam a memorização e divertiam a sociedade.

42 -África, berço da matemática
POR DIRK HUYLEBROUCK
Um osso petrificado encontrado entre o Congo e Uganda sugere que há mais de 20 mil anos a humanidade já era capaz de pensar numericamente.

48 - Figuras do kolamPOR MARCIA ASCHER
Uma tradição gráfica das mulheres do sul da Índia expressa idéias matemáticas que despertam o interesse de especialistas em informática.

54 - Uma cultura indígena impregnada de matemáticaPOR JIM BARTA E TOD SHOCKEY
Os índios utes do norte, dos EUA, não possuem vocabulário para matemática. No entanto, ela está presente em suas tradições e na relação com o corpo.

60 - Músicas e ritmos na África centralPOR MARC CHEMILLIER
Alguns poetas africanos fazem o acompanhamento de seu canto pelo toque de uma harpa, através de seqüências que só os matemáticos conseguem apreender.

66 - Figuras do kolamPOR RON EGLASH
O urbanismo e a arquitetura de algumas pequenas e antigas aldeias baseiam-se em um formato que se assemelha a essa complexo geometria de curvas.

68 - Sona: gráficos na areia angolanaPOR PAULOS GERDES
Desenhos feitos por contadores de história de um povo da África central criam enigmas de análise combinatória.

72 - A arte dos adivinhos em Madagascar
POR M. CHEMILLIER, D. JACQUET, V. RANDRIANARY E M. ZABALIA
Para prever o destino, os malgaxes manipulam quadros de grãos que obedecem a regras matemáticas refinadas

78 - Mosaicos e origami
POR IAN STEWART
A antiga arte oriental de dobrar papel com os mais diversos formatos mostra como ocorre o fenômeno de esmagamento de um cilindro

80 - Quando a etnomatemática entra em ação
POR MARIA DO CARMO S. DOMITE
Como os conhecimentos matemáticos que cada pessoa traz do seu próprio cotidiano podem ser absorvidos e aplicados nos contextos cultural e escolar

86 - A matemática da cubação da terra
POR GELSA KNIJNIK
Trabalhadores rurais do sul do país desenvolvem técnicas alternativas de medir a terra que atendem de modo eficaz às necessidades da prática agrícola

90 - Racionalidade dos índios brasileiros
POR EDUARDO SEBASTIANI FERREIRA
Tribos da Amazônia têm uma lógica própria, mas conseguem entender com base na prática questões complexas como a lei da refração

94 - Matemática do negro brasileiro
POR WANDERLEYA NARA GONÇALVES COSTA E VANISIO LUIZ DA SILVA
Povos que vieram escravizados da África para o Brasil adaptaram os seus conhecimentos mítico, religiosos e culturais e criaram um novo saber


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Um pouco sobre a Etnomatemática

I - EMBASAMENTO HISTÓRICO.

Desde o fim do século XIX os etnógrafos já se utilizavam do termo Etnociência (Sturtevant - 1964) e conceitos com ele relacionados como Etnolinguística, Etnobotânica, Etnozoologia, Etnoastronomia, etc., com concepções bem diferentes da que hoje utilizamos para a Etnomatemática.

Depois do fracasso da Matemática Moderna, na década de 70, apareceram, entre os educadores matemáticos, várias correntes educacionais desta disciplina, que tinham uma componente comum – a forte reação contra a existência de um currículo comum e contra a maneira imposta de apresentar a matemática de uma só visão, como um conhecimento universal e caracterizado por divulgar verdades absolutas. Além de perceberem que não havia espaço na Matemática Moderna para a valorização do conhecimento que o aluno traz para a sala de aula, proveniente do seu social, estes educadores matemáticos voltaram seus olhares para este outro tipo de conhecimento: o do vendedor de rua, estudado por Nunes e Caraher, das brincadeiras, dos pedreiros, dos artesões, dos pescadores, das donas de casas nas suas cozinhas, etc..

Nascem então termos metafóricos para designar esta matemática de diferenciá-la daquela estudada no contexto escolar, ressaltamos: D´Ambrosio, em 1982, denominou de Matemática Espontânea os métodos matemáticos desenvolvidos por povos na sua luta de sobrevivência.

Ubiratan D´Ambrosio se utiliza em 1985, pela primeira vez o termo Etnomatemática, isto no seu livro: “Etnomathematics and its Place in the History of Mathematics”, onde o termo este inserido dentro da História da Matemática. Este autor cita que em 1978 utilizou este termo numa conferencia, que pronunciou na Reunião Anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência, que infelizmente não foi publicada.

II – O SURGIMENTO:

A Etnomatemática Teve sua origem na busca de entender o fazer e o saber matemático de culturas periféricas e marginalizadas, tais como colonizados, indígenas e classes trabalhadoras. Remete, naturalmente, à dinâmica da evolução desses fazeres e saberes, resultante da exposição a outras culturas. Mas a cultura do conquistador e do colonizador de antanho e das classes dominantes atuais também evoluiu a partir da dinâmica de encontro.

Ela permite um enfoque mais abrangente dos estudos de história e filosofia É importante adotar novas propostas historiográficas e epistemológicas que permitam lidar com a difícil tarefa de recuperar, na história das ciências e da tecnologia, o equilíbrio que deve resultar da mescla de tradições. A busca de alternativas historiográfica.

Para dar uma visão de quando essa corrente será definitivamente enunciada e aceita pela comunidade científica como teoria, temos que recorrer aos filósofos da ciência, pois são eles os responsáveis por caracterizar uma corrente científica, ou como dizem os kuhnianos, quando se tem uma “ciência normal”.

Thomas S. Kuhn. Kuhn nos fornece com certa clareza os caminhos que devem ser percorridos por um acento científico, desde o seu nascimento até sua ruptura, através de uma revolução, “(...) Mesmo sendo a ciência praticada por indivíduos, o conhecimento científico é intrinsecamente um produto de grupo e é impossível entender tanto a sua eficácia peculiar como a forma de seu desenvolvimento, sem fazer referência à natureza especial dos grupos que a produziram. Nesse sentido, o trabalho desses grupos tem profundas raízes sociológicas, mas não de uma maneira que permita separar o sujeito de espistemologia.”.

O Programa Etnomatemática não se esgota no entender o conhecimento [saber e fazer] matemático das culturas periféricas e marginalizadas. Também o conhecimento das culturas dominantes deve ser entendido de forma muito mais geral que a simples descrição e assimilação de teorias e práticas consagradas pelo ambiente acadêmico. Deve-se entender o conhecimento, seja das culturas periféricas e marginalizadas, seja das dominantes, na complexidade do ciclo da sua geração, organização intelectual, organização social e difusão. Deve-se também levar em forte consideração a dinâmica cultural dos encontros [de indivíduos e de grupos] e a dinâmica de adaptação e reformulação que acompanha o ciclo da geração, organização intelectual, organização social e difusão do conhecimento. O Programa Etnomatemática tem, portanto, ligações com a Etnografia e a Antropologia, com a Cognição e a Lingüística, com a História e a Sociologia, com a Filosofia e a Religião, e com a Educação e a Política. Mas vê todas essas ligações com a visão da transdisciplinaridade. O fato não se subordina às classificações disciplinares.

III - OBJETIVO:

Embora uma importante vertente da Etnomatemática seja buscar identificar manifestações matemáticas nas culturas periféricas, tomando como referência a matemática ocidental, o Programa Etnomatemática tem como referências categorias próprias de cada cultura, reconhecendo que é comum a toda espécie humana a satisfação de pulsões de sobreviver, que se dá agora e aqui, e de transcender o momento temporal e espacial da sobrevivência.

Sobrevivência e transcendência são absolutamente integradas, numa relação como que simbiótica. A satisfação do pulsão integrado de sobrevivência e transcendência leva a desenvolver modos, maneiras, estilos de explicar, de entender e aprender, e de lidar com a realidade perceptível. O pensamento abstrato, próprio de cada indivíduo, é uma elaboração de representações da realidade e é compartilhado graças à comunicação, dando origem ao que chamamos cultura. Os instrumentos [materiais e intelectuais] essenciais para essa elaboração incluem, dentre outros, os sistemas de comparação, classificação, ordenação, medição, contagem e inferência. O Programa Etnomatemática tem como objetivo entender o ciclo do conhecimento em distintos ambientes, procurando explicações sobre como tais sistemas foram se estruturando ao longo da história de um indivíduo, de uma comunidade, de uma sociedade, de um povo.

IV – IMPLICAÇÕES PEDAGOGICAS:

O Programa Etnomatemática tem importantes implicações pedagógicas. Educação é, em geral, um exercício de criatividade. Muito mais que transmitir ao aprendente teorias e conceitos feitos, para que ele as memorize e repita quando solicitado em exames e testes, a educação deve fornecer ao aprendente os instrumentos comunicativos, analíticos e tecnológicos necessários para sua sobrevivência e transcendência. Esses instrumentos só farão sentido se referidos à cultura do aprendente ou explicitados como tendo sido adquiridos de outra cultura e inseridos num discurso crítico. O Programa Etnomatemática destaca a dinâmica e a crítica dessa aquisição. (O PROGRAMA ETNOMATEMÁTICA - Ubiratan D’Ambrosio)

Fonte:

1. D’Ambrosio, Ubiratan. O PROGRAMA ETNOMATEMÁTICA. Disponível em http://www.fe.unb.br/etnomatematica/
2. __________________. O QUE É ETNOMATEMÁTICA. Disponível em http://www.ufrrj.br/leptrans/arquivos/etno.pdf